Professora Eide Paiva – Uneb – Campus XIV
A Campanha 16 dias de Ativismo na UNEB pelo Fim da Violência contra as Mulheres, uma ação de extensão do Diadorim – Centro de Estudos em Gênero, Raça, Etnia, Sexualidades da UNEB.
Coordenada pelas professoras Amélia Maraux e Eide Paiva (Campus XIV), a Campanha 16 dias na UNEB é um projeto de extensão situado no campo dos estudos feministas que investe no diálogo entre a universidade, movimentos sociais e o Estado como estratégia política e metodológica para avaliar as conquistas das lutas feministas, os avanços nas políticas públicas e refletir experiências de enfrentamento à violência, assim como refletir a conjuntura política, social e econômica produtora de múltiplas faces da violência contra as mulheres.
Vale lembrar que 16 dias de Ativismo pelo Fim da Violência Contra as Mulheres é uma mobilização internacional, iniciada em 1991, em mais de 130 países, pelo Instituto de Liderança Global das Mulheres, reunindo pessoas V e organizações para o engajamento na prevenção e eliminação da violência contra mulheres e meninas. Estabelecendo relação entre violência contra mulher e violação dos direitos humanos, essa mobilização busca promover o fortalecimento da auto estima e o empoderamento feminino como condição para superação da violência.
No cenário internacional a Campanha tem início no dia 25/11, Dia Internacional de Não Violência Contra as Mulheres, e encerra-se no dia 10/12, Dia Internacional dos Direitos Humanos, período que incorpora outras datas representativas das lutas feministas, a saber: 1º de dezembro, Dia Mundial de Combate à AIDS, e 06 de dezembro, Dia de Mobilização dos Homens pelo Fim da Violência contra as Mulheres.
No Brasil, o dia 20/11, Dia da consciência negra, foi incorporado à Campanha em reconhecimento do racismo como uma violência estrutural que afeta a vida das mulheres negras e de toda a sociedade. No atual cenário pandêmico, a Campanha 16 Dias se incorpora à luta dos movimentos sociais no Brasil contra o fascismo, denunciando a violência institucional que afeta a vida das populações negras, indígenas, quilombolas e LGBTI+.
O 13º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, publicado em 2019 com dados referentes a 2018, aponta crescimento de 11,3% dos casos de feminicídio, sendo as mulheres negras as maiores vítimas (61%). O ápice da mortalidade se dá aos 30 anos. A violência doméstica teve crescimento de 0,8%, sendo um registro a cada 2 minutos. A violência sexual teve o maior índice registrado: 66.041. A cartografia dos estupros no Brasil é estarrecedora. A cada 100 estupros no Brasil, 63.8% são contra vulneráveis, 4 meninas de até 13 anos são estupradas por hora.
Em 2020, a mesma fonte indica que a cada 8 minutos uma pessoa é estuprada. Entre as vítimas, 85,7% foram registradas como do “sexo feminino”. No primeiro semestre de 2020 o número de homicídios dolosos de mulheres e feminicídios em comparação com 2019 também aumentaram. Nos primeiros dez meses de 2020 foram registrados 151 assassinatos de travestis e mulheres trans, principalmente aquelas racialmente negras.
Em 2021, a violência contra meninas e mulheres aumentou 7% em relação a 2020. Forma 1350 casos de feminicídio registrados. Desse universo, 61,8 % das vítimas são negras. 81,5% forma mortas por companheiros ou ex-companheiro.
Importante ressaltar que o assassinato de pessoas LGBT aumentou 24,7%, e as agressões aumentou 20,9%.
Reconhecendo que a Universidade não pode naturalizar os números da violência contra as mulheres, meninas, travestis e mulheres trans, desde 2006 o Diadorim realiza a Campanha de 16 dias de 20 de novembro a 10 de dezembro, em diferentes Campi, e em diferentes espaços fora da universidade, sempre envolvendo os três segmentos da Universidade e os movimentos sociais na concepção, organização e execução do projeto, que se apresenta à comunidade acadêmica e à sociedade em geral como um movimento político de enfrentamento ao androcentrismo da ciência, ao sexismo, racismo, lesbofobia, transfobia, bifobia dentre outras expressões das múltiplas violências que afetam os corpos e ceifam a vida das mulheres em sua diversidade.
Junte-se a nós, diga Não à violência contra mulheres e meninas!!!
Professora Eide Paiva – Uneb – Campus XIV