Mauro Condé*
“Decisão e raiva definitivamente não combinam.” … Dr. Murilo Sampaio.
Naquela noite … mais uma entre as muitas de uma interminável busca pelo paradeiro da filha do seu irmão … violentamente sequestrada por índios Comanches … o velho capitão do exército Ethan e seu jovem pupilo Martin acampam sob o céu vasto … diante de um deserto silencioso … que parece espiar os dois.
Ali … ocorre uma conversa curta onde Ethan comenta baixinho … quase sussurrando … como se dissesse algo proibido:
“O deserto fala … às vezes ele avisa.”
Martin … mais jovem e racional … estranha o tom.
Pergunta o que Ethan quer dizer com aquilo … e recebe a resposta:
“Quando o vento muda sem nenhuma nuvem no céu …. é porque alguém se foi … ou vai.”
Uma superstição … um diagnóstico … quase um presságio … o vento move a fogueira … e o céu continua sem nuvens.
Ethan observa o horizonte como se estivesse lendo uma escritura invisível e Martin se cala pela primeira vez … diante de algo que não consegue entender.
Acabo de voltar de uma viagem rumo ao conhecimento … usando como meio de transporte excelentes filmes no streaming da Amazon.
Eles me levaram para a região do faroeste americano … fronteira entre o Texas e o território dominado por índios selvagens … por volta de 1868 … onde fui recebido por John Ford … a quem fui logo pedindo:
Ensina-me algo que eu ainda não saiba e tenha o poder de mudar a minha vida para melhor.
– Não construa um muro ao seu redor para se proteger … ele só impedirá que você seja encontrado na hora que mais precisar.
John Ford é o icônico diretor mais admirado por 10 entre 10 dos melhores cineastas da história do cinema.
É dele o clássico “Rastros de Ódio” … o filme cultuado como obra prima máxima … que acabo de ver e recomendo.
É sobre a saga de Ethan Edwards … um veterano do exército que odeia índios.
Sua vida corre tranquila até ter sua família massacrada e a sobrinha raptada por Comanches.
Cheio de raiva retaliativa … ele parte para a maior batalha da sua vida … lutando contra a fome …. o frio e a solidão no Oeste.
Rastros de Ódio … além de moldar o paradigma que até hoje é seguido por histórias de perseguição e vingança contra criminosos cheios de maldade … criou uma célebre cena:
A do toque de corneta que anuncia a chegada da cavalaria em socorro … que funciona como elemento narrativo de esperança e ironia.
*Palestrante … Consultor e Fundador do Blog do Maluco.
“Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Jornal Hoje em Dia”.
Fonte: Hoje em Dia









