Linguagem simples: comunicar bem é governar melhor

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Kleber Lorenzini*

No Brasil, quase três em cada dez pessoas entre 15 e 64 anos têm dificuldade para compreender textos e informações do dia a dia. O dado, do Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf 2023), revela algo preocupante: milhões de brasileiros até leem, mas não entendem plenamente o que estão lendo. E isso tem efeito direto na relação com o Estado. Pois, de que adianta publicar leis, relatórios ou decisões se boa parte da população não consegue interpretá-los? A clareza na comunicação pública deixou de ser um detalhe e tornou-se questão de cidadania e democracia.

É nesse contexto que ganha força a linguagem simples: escrever e falar de forma clara, direta e acessível, sem perder o conteúdo técnico. O objetivo é garantir que todos compreendam, e não apenas recebam informação. O Projeto de Lei nº 6.256/2019, que institui a Política Nacional de Linguagem Simples, aprovado pelo Senado em 12 de março de 2025, reforça que o poder público deve se comunicar com empatia, transparência e eficiência. Ou seja, é hora de trocar o “juridiquês” e o “burocratês” por um português que todos entendam, aproximando o Estado de quem realmente importa: o cidadão.Publicidade

No Tribunal de Contas de Minas Gerais (TCE-MG), a pauta da linguagem simples já se transformou em prática. O Tribunal lida com temas complexos, como as contas públicas, auditorias, relatórios técnicos e entre outros, o que impactam a vida das pessoas. Ao adotar a linguagem simples, o TCE-MG aproxima-se da sociedade, tornando suas decisões compreensíveis e fortalecendo sua função educativa.

Imagine um gestor que entende claramente um parecer do Tribunal e corrige um erro antes que se torne um problema maior. Ou um cidadão que lê uma decisão e entende exatamente como o dinheiro público é usado, podendo acompanhar de perto a gestão da sua cidade. Isso é transparência real, que transforma informação em ação.Publicidade

Linguagem simples não é simplificação vazia. É uma escolha estratégica que melhora o diálogo, evita ruídos e fortalece a confiança entre Estado e sociedade. Quando o poder público comunica com clareza, ele convida o cidadão a participar, compreender e cobrar.

Mais do que uma tendência, é uma transformação cultural. O TCE-MG, ao investir nessa mudança, reafirma seu papel de instituição moderna, acessível e comprometida com boa governança. Porque, no fim das contas, comunicar bem é governar melhor. 

E toda boa governança começa com algo simples, é ser entendido.

* Assessor de Comunicação e Relações Públicas, publicitário, professor e mestre em Administração, com 20 anos de experiência em marketing, comunicação institucional pública e linguagem simples

“Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Jornal Hoje em Dia”.

Fonte: Hoje em Dia

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