Sedes dos 3 poderes foram destruídas em um ataque sem precedentes na história do Brasil. Lula decretou intervenção na segurança do DF, e Alexandre de Moraes afastou governador por 90 dias.
Veja passo a passo dos atos terroristas contra Congresso, Planalto e STF
O prejuízo ao patrimônio público, de todos os brasileiros, ainda não foi calculado. Até o fim da noite deste domingo, pelo menos 300 pessoas haviam sido presas.
O presidente Lula, que estava em SP no momento dos atentados, voltou a Brasília à noite e decretou intervenção federal para assumir a segurança pública do Distrito Federal, onde está Brasília.
O ministro Alexandre de Moraes, do STF, afastou do cargo por 90 dias o governador do DF, Ibaneis Rocha.
Por volta de 14h, os golpistas deixaram o acampamento e iniciaram uma caminhada de 8 km em direção ao Congresso, escoltados pela Polícia Militar.
Dentro do Congresso, salões da Câmara e do Senado foram depredados. O plenário do Senado foi invadido e vandalizado.
Na sequência, STF e Palácio do Planalto, que ficam na Praça dos Três Poderes, também foram invadidos.
No STF, os terroristas destruíram tudo o que viram no plenário, onde os ministros fazem os julgamentos. A porta de um armário do ministro Alexandre de Moraes foi arrancada. Até comida eles roubaram. Os terroristas retiraram poltronas, molharam e rasgaram documentos. Todos os vidros da fachada do prédio foram quebrados.
Plenário onde ocorrem os julgamentos do STF foi destruído — Foto: Ton Molina/Fotoarena via Estadão Conteúdo
No Planalto, gabinetes foram invadidos e vandalizados, incluindo o da primeira-dama, Janja da Silva. Móveis, TVs, computadores e itens de decoração foram quebrados. A tela “As Mulatas”, do pintor Di Cavalcanti, foi esfaqueada. O gabinete de Lula tem uma porta com blindagem reforçada e não foi invadido. Vândalos destruíram a galeria de fotos dos ex-presidentes. Armas e munições de seguranças da presidência foram roubadas.
Galeria de fotos dos presidentes da República, no Palácio do Planalto, destruída por bolsonaristas terroristas
Já com os prédios tomados pelos terroristas, a PM aumentou o efetivo e passou a usar bombas e gás lacrimogêneo, com apoio da cavalaria e da Tropa de Choque. Alguns policiais foram agredidos.
Embora a ação terrorista tenha sido convocada publicamente ao longo da semana em redes bolsonaristas, inclusive com promessas de transporte grátis e alimentação, as autoridades do DF não agiram preventivamente. A PM do DF foi criticada por se omitir. Vídeos mostram policiais conversando com bolsonaristas e filmando a invasão do Congresso. Veja abaixo:
Um sargento da PM de Goiás foi identificado participando dos atos de vandalismo.
O secretário de Segurança Pública do DF, o bolsonarista Anderson Torres, nem estava em Brasília. Ele viajou aos EUA, onde também está Bolsonaro, de quem Torres foi ministro da Justiça até o fim do governo. Após os ataques, ele foi demitido pelo governador do DF. O governo federal pediu a sua prisão ao STF.
No sábado (7), o chefe da polícia do Senado pediu reforço ao governo do DF porque já havia recebido a informação de que bolsonaristas preparavam a invasão. Ele disse que foi ignorado.
No domingo, após os ataques, Lula assinou um decreto de intervenção para que o governo federal assuma a segurança pública do DF até o fim do mês. Já na madrugada desta segunda (9), o ministro Alexandre de Moraes afastou o governador Ibaneis Rocha do cargo por 90 dias.
O balanço mais recente, do fim da noite deste domingo, é de pelo menos 300 presos em flagrante. Fotos e vídeos permitem identificar vários dos terroristas (veja imagens aqui). Alguns transmitiram ao vivo, nas redes sociais, os atos de vandalismo que cometiam. Eles poderão responder por diversos crimes, entre eles golpe de estado, que prevê até 12 anos de prisão.
Lula disse que todas os terroristas serão encontrados e punidos. O ministro da Justiça, Flávio Dino, afirmou que a prioridade é identificar quem financiou os atos.
O procurador-geral da República, Augusto Aras, pediu ao Ministério Público Federal a abertura de uma investigação. A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Rosa Weber, afirmou que os terroristas serão julgados e punidos de maneira exemplar. A Polícia Federal instalou um gabinete de crise para identificar os terroristas.
Lula decretou intervenção federal na segurança do DF e nomeou Ricardo Garcia Cappelli como responsável. Ele é secretário-executivo do Ministério da Justiça e braço direito de Flávio Dino.
A intervenção vai até o dia 31. Com ela, os órgãos de segurança pública do Distrito Federal ficam sob responsabilidade de Cappelli, subordinado a Lula.
- Dano ao patrimônio público da União – crime qualificado. Pena: detenção, de seis meses a três anos, e multa, além da pena correspondente à violência.
- Crimes contra o patrimônio cultural – destruir, inutilizar ou deteriorar bem especialmente protegido por lei, ato administrativo ou decisão judicial. Pena: reclusão, de um a três anos, e multa.
- Associação criminosa –associarem-se três ou mais pessoas para o fim específico de cometer crimes. Pena: reclusão, de um a três anos (pena aumenta se a associação é armada).
- Abolição violenta do Estado Democrático de Direito – tentar, com emprego de violência ou grave ameaça, abolir o Estado Democrático de Direito, impedindo ou restringindo o exercício dos poderes constitucionais. Pena: reclusão, de 4a 8 anos, além da pena correspondente à violência.
- Golpe de estado – Tentar depor, por meio de violência ou grave ameaça, o governo legitimamente constituído. Pena: reclusão, de 4 a 12 anos, além da pena correspondente à violência.
Líderes mundiais repudiaram o terrorismo bolsonarista. O presidente dos EUA, Joe Biden, disse que a situação é “ultrajante”. O presidente da França, Emmanuel Macron, prestou apoio a Lula. Veja o que disseram as autoridades.
Aqui, os ataques foram condenados pelos presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco, e da Câmara, Arthur Lira, por ministros do STF, parlamentares e até por governadores aliados de Bolsonaro.
“Manifestações perdem a legitimidade e a razão a partir do momento em que há violência, depredação ou cerceamento de direitos. Não admitiremos isso em SP”, disse Tarcísio de Freitas, governador de SP e ex-ministro de Bolsonaro.
Valdemar Costa Neto, presidente do PL, partido de Bolsonaro, chamou o ataque de “vergonha”.