Inadimplência e juros altos reduzem otimismo do varejo para Black Friday e Natal

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(Imagem: reprodução)

O período mais aquecido do calendário varejista está se aproximando, impulsionado pelas promoções da Black Friday e pelas compras de fim de ano. Em 2025, porém, o setor enfrenta um cenário menos favorável, marcado pela inflação persistente, alta de juros, aumento da inadimplência e crédito mais restrito. A avaliação é do Sindilojas-SP, que aponta a necessidade de promoções criteriosas, condições exclusivas e parcelamentos mais longos.

Pressão sobre o orçamento das famílias

A inadimplência segue como um dos principais entraves. Em setembro, o Brasil registrou 79,1 milhões de consumidores negativados, segundo a Serasa. As dívidas se concentram em bancos e cartões de crédito (27%), contas básicas como água, luz e gás (21,3%), financeiras (19,9%) e serviços (11,5%). O valor médio devido por inadimplente é de R$ 6.267,69 e cada pendência gira em torno de R$ 1.578,23, o que indica cerca de quatro dívidas por consumidor.

A inflação ainda pressiona o orçamento das famílias e mantém a taxa básica de juros elevada. O Copom decidiu manter a Selic em 15%. Mesmo com expectativa de cortes em 2026, gestoras de investimentos estimam que o ano deve terminar com a taxa em 12%, cenário que preserva o crédito caro e limita o consumo.

Otimismo moderado para as vendas de fim de ano

Para Aldo Nuñez Macri, presidente do Sindilojas-SP, o aumento da inadimplência é o principal freio para o varejo. Dados da Fecomerccio-SP mostram que 72,7% das famílias paulistanas estão endividadas, o maior nível em dois anos. A inadimplência atingiu 22,7% e alcança o maior patamar desde o fim de 2023.

Apesar disso, o setor mantém um otimismo moderado. Em dezembro de 2024, o faturamento bruto real do varejo paulistano cresceu 6,7% na comparação anual. Para 2025, a expectativa é de alta, porém em intensidade menor.

O 13º salário deve injetar R$ 30,8 bilhões na economia paulistana, mas parte desse valor será direcionada ao pagamento de dívidas. Ainda assim, o bom desempenho do primeiro semestre e a manutenção do emprego na cidade ajudam a sustentar as projeções de crescimento, mesmo que em ritmo mais contido.

Macri destaca que dezembro tradicionalmente impulsiona o faturamento. Em 2024, o varejo paulistano registrou resultado 20% acima da média mensal. Segmentos como vestuário, tecidos, calçados e supermercados costumam ter desempenho ainda mais forte. A tendência permanece, embora sem expectativa de avanço expressivo.

Estoques reduzidos e mão de obra limitada

Outro ponto de atenção é a formação de estoques. Em outubro, apenas 53% das empresas declararam estar com níveis considerados adequados, reflexo do custo elevado do crédito para reposição de mercadorias.

O varejo também lida com um mercado de trabalho aquecido, que reduz a disponibilidade de profissionais para vagas temporárias. Candidatos mais qualificados tendem a optar por posições estáveis, o que exige mais atenção na seleção e preparação dos colaboradores para o período.

A expectativa é de contratação de aproximadamente 7 mil temporários no varejo paulistano, ligeiramente acima dos 6,2 mil registrados no ano anterior.

Promoções com cautela

Para enfrentar o cenário desafiador, Macri afirma que o varejo deve planejar com precisão suas promoções. O foco é oferecer descontos à vista para capturar parte do 13º salário, criar histórico de bons pagadores e estimular vendas parceladas no cartão, que garantem recebimento mesmo com custos operacionais.

Ele reforça que o varejo precisa equilibrar ofertas e gestão financeira. “O lojista precisa evitar excessos, seja em estoque, seja em promoções, para não comprometer o caixa e o capital de giro. A cautela é a palavra-chave para atravessar o período mais esperado do comércio com saúde financeira e bons resultados”, afirma.

Fonte: E-Commerce Brasil*

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