Doenças respiratórias podem se agravar em qualquer pessoa, se neglicenciadas – Foto: FreePik – Divulgação
As mudanças de estações, mesmo que de forma tímida, trazem algumas alterações no clima que favorecem o aparecimento da chamada Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), causada por diversos vírus, como o da gripe influenza, por exemplo.
Na Bahia, até o momento, a influenza responde por 14% de casos e 18,7% dos óbitos, aumento de 4% e 5,5% respectivamente, em relação ao ano passado, segundo a Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab).
Nos oito primeiros meses deste ano, se comparado ao mesmo período do ano passado, houve leve alta no número de casos de SRAG, saindo de 9.628 em 2024, para 10.214 este ano. Segundo a diretora de vigilância epidemiológica da Bahia, Márcia São Pedro, a alta é considerada dentro do esperado.
Os números são do boletim epidemiológico da Sesab, que traz uma redução no total de óbitos de -19,4%, saindo de 484 no ano passado para 390 este ano.
Medidas preventivas
Ainda que os casos estejam dentro do previsto, as doenças virais demandam cuidados preventivos. “A gente está falando de vírus respiratório (…) que sofre mutação, transmitido de pessoa para pessoa, que está falando, espirrando, então é a importância da lavagem das mãos, e do uso de máscara para quem está gripado. (…) O que a gente precisa é que os grupos que são elegíveis, eles busquem uma unidade de saúde e (…) façam a atualização do seu cartão vacinal”, destacou Márcia.
A SRAG, que envolve desconforto até na respiração, é uma evolução negativa do quadro de Síndrome Respiratória (SG), caracterizado por ao menos dois sintomas – tosse e dor de cabeça. Com o tempo frio e chuvoso as pessoas tendem a buscar lugares mais fechados, geralmente com outras pessoas, o que favorece a disseminação das doenças virais.
Registros no estado
Nos dados sobre casos e óbitos, a maior queda registrada é na categoria ‘Não Especificado’, que corresponde por 35,1% , com 3.587 casos este ano, contra 41,3% ou 3.826 casos no ano passado. A redução foi de 6,2%. Oscasos ‘Não especificados’ decorrem da coleta incorretade material ou de exames que identificam o caso ou a morte com a síndrome, mas não especificam o tipo de vírus causador. Nesta mesma categoria houve uma redução de 4,3% no número de óbitos – 274 em 2924 para 204 este ano.
Na categoria O’utro Vírus Respiratório’, que engloba rinovírus, vírus essencial respiratório (VSR), bocavírus, adenovírus e metodemovírus, houve alta tanto nos casos de infecção quanto nos óbitos. Ano passado foram 3.819 casos, contra 4.287 este ano, uma alta de 0,8%. Os óbitos saltaram de 8,7% para 11,5%.
Queda sutil da Covid
Já a Covid-19 registrou uma queda sutil, embora o número de casos seja pouco expressivo. Saiu de 504 casos para 435, uma redução de 0,9%. Houve redução ainda de 3,1% nos óbitos, saindo de 82 para 54 em todo Estado.
Desde junho de 2024 foram disponibilizadas 379 mil doses de reforço da vacina contra Covid-19 na Bahia, no entanto, apenas 119 mil pessoas se vacinaram, o que representa apenas 31,4% do público elegível, informa Márcia São Pedro.
Acometido por uma bronquite, o professor de 60 anos, aqui nominado Antônio (a pedido do entrevistado), conta que de uma simples tosse foi diagnosticado como bronquite que se tornou início de pneumonia.
“De uma rouquidão, que eu tinha acabado de dar aula e eu achei que fosse passar, tomando chá e pastilha. No dia seguinte fui ao otorrino, que passou xaropes mas não resolveu. No pneumologista ele interveio numa situação que, talvez, pudesse me causar um risco de vida. É um quadro que se agrava muito rapido e eu fiquei impressionado e assustado com a situação”, disse.
O pneumologista Guilhardo Ribeiro, alerta que as principais vítimas da SRAG são as crianças, por ainda estar formando o sistema imunológico, e idosos, com o declínio natural do sistema, mas pode afetar todos. Para ele, muitas pessoas subestimam a gripe, o que favorece a evolução de doenças. “As pessoas subestimam muito o processo gripal, não sabendo que a própria gripe pode se agravar e evoluir para uma pneumonia viral, mas também ela abre espaço às infecções bacterianas, infecções outras (…). Muito fragilizadas, elas são vítimas fáceis das infecções respiratórias, bronquite aguda e pneumonia”, alerta o especialista.
Fonte: A Tarde