Uso precário da tecnologia escancara a desigualdade digital no Brasil – Foto: Rafaela Araújo/ Ag. A TARDE
A conexão digital reflete um país “torto”, conforme análise qualitativa do resultado de pesquisa conjunta da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e Instituto de Defesa de Consumidores (Idec).
Em nenhum momento se cogita melhoria no entendimento dos fenômenos do cotidiano ou compreensão mais larga do convívio nos segmentos servidos por internet, apenas está ao alcance verificar a distribuição.
O tempo sem acesso móvel devido à falta de franquia de dados é maior entre pessoas com renda de 1 salário mínimo, batendo os 35%; alcança o período de sete dias uma fatia de até 3 salários, em igual porcentagem.
De cada dez baixa-renda, um fica mais de 15 dias sem acesso, quase seis vezes mais em relação a quem percebe mais de 3 salários, constatando-se a obviedade de equiparação de poder aquisitivo e chance de acesso.
Pode resultar em problemas a inclusão digital sem proporcional educação para o uso ético e cauteloso das infovias, no entanto é inevitável o prejuízo do isolamento por falta de wi-fi e condições de pagar dados móveis.
Mais da metade de cidadãs e cidadãos perdem contato com serviços bancários ou financeiros; não usufruem de benefícios oferecidos pelos poderes públicos; há quem deixe de estudar e até de cuidar da saúde.
A sociedade tornou-se refém de mecanismos controlados por “plataformas”, a ponto de constituírem-se grupos distintos, um conectado ao “mundo” e outro de “arquipélagos”: cada pessoa insular com insuficiente existência física.
As “lombadas” cibernéticas produzem seus efeitos também na capacidade aquisitiva de equipamentos, reduzindo-se os desprovidos de saldo a contentar-se com celulares de até R$ 1 mil. Já as faixas elevadas escolhem modelos de mais recursos e dispositivos, embora em uma opção os ciber-cidadãos de profundidades de bolsos distintos sinalizem o mesmo cuidado: o investimento em aparelhos novos.
Outro indicador de perfil é a preferência por “celular”, quando cotejado com o computador convencional: a nova “identidade” na palma da mão.
Fonte: A Tarde