Esporte Clube Vitória – Foto: Victor Ferreira I EC Vitória
O Vitória está vivendo um momento de reformulação. Com o 8 a 0 para o Flamengo atuando como gota d’água para uma virada de chave no clube, o Rubro-Negro trocou o técnico Fábio Carille pelo interino e ex-sub 20 Rodrigo Chagas, mudou de comissão técnica e fez uma janela de transferências sem custos, mas com nove novos reforços – sete contratados e outros dois trazidos de volta de empréstimos.
Em meio às chegadas e às rotas recalculadas, alguns erros precisam ser mapeados para ajustar as pontas do clube e fazer com que o Leão da Barra consiga voltar a vencer fora do Barradão e, acima de tudo, deixar a zona de rebaixamento do Brasileirão, fugindo da Série B em 2026.
Os problemas estão distribuídos por setores diversos, e muito comprovados pelos números do clube no ano até aqui. Entre baixa posse de bola e uma defesa muito sobrecarregada, o Vitória vem desempenhando fragilidades em campo, todas passíveis de correção.
Muitas chances, poucos gols
O Vitória sabe finalizar. Por jogo, o Rubro-Negro tem uma média de 12,2 finalizações, mas consegue mandar só quatro delas ao alvo. Por isso, a média de gols por partida cai drasticamente para 0,9, deixando o Leão quase sem marcar.
Dentro da área saíram 16 dos 19 gols, enquanto apenas três foram de fora. A equipe precisa, em média, de 12 chutes para balançar a rede uma única vez, e o aproveitamento nas bolas paradas segue nulo: zero gols de pênalti e zero de falta.
Assim, um dos pilares da reconstrução do Vitória é claro – o clube precisa focar na ineficiência ofensiva. Criar chances não é problema. Aqui, o grande problema é finalizar, focando no trabalho que precisa ser e não está sendo feito pela linha de frente do time.

Dados sobre as finalizações do Vitória | Foto: ChatGPT
Tudo sobra para a defesa
Se o ataque não está finalizando e subindo o placar, o adversário cresce, e a defesa do Vitória vem sentindo esse peso. Lá atrás, o time enfrenta pressão constante: são 29,2 cortes e 44,6 bolas recuperadas por jogo, além de 3,7 defesas por partida.
Apesar do esforço, os erros individuais pesam. Em jogos do Leão, sete falhas geraram finalizações adversárias e quatro terminaram em gol. Nos duelos individuais, o Vitória vence apenas 51,1% pelo chão e 45,4% no aéreo, demonstrando dificuldade tanto na marcação quanto na proteção da área.
De individual em individual, o Vitória tem cometido erros coletivos, que abrem buracos na defesa que tenta segurar o resto do time e faz com que o Rubro-Negro saia perdendo muito mais do que deveria no um a um.

Dados sobre a defesa do Vitória | Foto: ChatGPT
Sem a bola, sem jogo
Aqui mora o que talvez seja um dos principais pontos fracos do Vitória hoje em dia – a posse de bola. Com média de 42,7% de posse, o time raramente consegue controlar a partida. O Vitória aposta nos 20 contra-ataques realizados até aqui, mas a falta de eficiência ofensiva limita o impacto dessa estratégia.
Assim, a vida do Vitória tem sido reagir às ações do time adversário, sem impor seu próprio ritmo de jogo. Talvez venha justamente daí a dependência tão grande em relação ao Barradão – em casa, a torcida impõe o ritmo que o clube não consegue aplicar, de maneira que alguém, dentro ou fora das quatro linhas, consiga fazer o oponente não se sentir em casa.

Dados sobre a posse de bola do Vitória | Foto: ChatGPT
Um Vitória brigado com os números
O desequilíbrio é claro: 19 gols marcados contra 32 sofridos em 22 jogos. Média de 1,5 gol sofrido por partida, muito superior ao que o time consegue produzir. Entre posse baixa, ataque ineficiente e defesa pressionada, o raio-x estatístico revela um Vitória que sofre mais do que alivia, assistindo a temporada passar em frente a seus olhos sem conseguir atuar efetivamente nela.
O que acontece daqui para frente segue sendo mistério. Se Rodrigo Chagas continua ou dá lugar a um técnico oficialmente contratado para a posição, se os novos reforços se adaptam maravilhosamente bem e salvam o clube ou se tornam mais nomes na lista do cemitério de promessas (muito composta pelos recém-chegados da primeira janela da temporada que já foram embora na segunda), se Camutanga e Dudu conseguem voltar como heróis para o Vitória que precisa deles ou decepcionam a torcida.
No segundo turno, o Rubro-Negro precisa criar uma tela em branco para desenhar estatísticas muito melhores do que as criadas até aqui e, quem sabe, construir um final de 2025 que prenuncie um 2026 menos no vermelho e mais acima na tabela.

Dados sobre os gols do Vitória | Foto: ChatGPT
Fonte: A Tarde