O presidente dos EUA, Donald Trump, durante evento em Washington, em 23 de julho de 2025 — Foto: AP Photo/Julia Demaree Nikhinson
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta quarta-feira (30) que vai aplicar uma multa e taxar a Índia em 25%. A multa viria como uma forma de penalidade ao país por comprar energia e equipamentos militares da Rússia. O republicano não deu mais detalhes sobre de quanto seria a multa aplicada.
“Embora a Índia seja nossa amiga, ao longo dos anos fizemos relativamente poucos negócios com eles porque suas tarifas são altíssimas, entre as mais altas do mundo, e eles têm barreiras comerciais não monetárias mais rigorosas e incômodas do que qualquer país”, afirmou o republicano em uma publicação no Truth Social.
Trump afirmou, ainda, que a Índia também sempre comprou a grande maioria de seus equipamentos militares e de energia da Rússia, juntamente com a China, reiterando que o comércio entre os dois países acontece mesmo em um momento em que o mundo quer que Moscou “pare com a matança na Ucrânia”.
“Tudo isso não é bom! A Índia, portanto, pagará uma tarifa de 25% mais uma multa pelo citado acima, começando a partir de 1º de agosto”, completou o republicano.
Pouco tempo depois da primeira publicação, Trump ainda destacou em suas redes que os EUA têm um déficit comercial — ou seja, compra mais do que vende para o país — “enorme” com a Índia.
Em entrevista a jornalistas, o assessor econômico da Casa Branca, Kevin Hassett, afirmou que o republicano estava frustrado com o progresso das conversas comerciais com a Índia e que acredita que a tarifa ajudará a destravar as negociações.
Ainda segundo Hassett, há expectativa de que a Índia também abra seus mercados a produtos norte-americanos.
Ainda nesta quarta-feira, Trump também reforçou que o prazo de 1º de agosto, quando passarão a valer as tarifas já anunciadas pelo republicano, está mantido e “não será estendido”.
“Primeiro de agosto é um grande dia para a América”, disse.
Brasil também está na mira
Às vésperas do fim do prazo, muitos países ainda não conseguiram negociar taxas menores com os Estados Unidos — e o Brasil está entre eles. O republicano estabeleceu uma taxa de 50% para o Brasil — taxa que é mais que o dobro da cobrada dos demais países.
Em entrevista ao “The New York Times”, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que pediu diálogo com Trump, mas que “ninguém quer conversar”.
“O que está nos impedindo é que ninguém quer conversar. Eu pedi para fazer contato”, afirmou Lula. “Eu designei meu vice-presidente, meu ministro da Agricultura, meu ministro da Economia, para que todos conversem com seus equivalentes nos EUA para entender qual é a possibilidade de conversa. Até agora, não foi possível”.
O governo brasileiro já fez várias tentativas de conversa com os norte-americanos nas últimas semanas, mas sem sucesso. Uma comitiva de senadores do Brasil chegou a ir a Washington para tentar abrir o caminho para uma tratativa, mas o retorno que deram a Lula foi que, nos bastidores, o entendimento é que Trump barrou qualquer negociação com o país.
Segundo assessores presidenciais, Trump indicou que pretende realmente “punir” o Brasil, porque no campo econômico não há motivo para o país ser tarifado com a alíquota mais alta.
Neste momento, como informou o blog do Valdo Cruz, as conversas do governo que acontecem com os interlocutores norte-americanos estão no sentido de pelo menos adiar todo o tarifaço. Apenas em uma segunda etapa, se as tarifas forem adotadas, o governo vai tentar excluir alimentos e a Embraer do aumento das taxas.
Nesta quarta-feira (30), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que as negociações evoluíram, mas destacou que as conversas do governo brasileiro com os EUA devem continuar mesmo depois de 1º de agosto.
“As conversas estão evoluindo e, na minha opinião, vão continuar evoluindo. Independentemente da decisão que for tomada dia 1º, ela não vai significar o fim, o término. É o começo de uma conversa”, declarou Haddad a jornalistas.
Fonte: G1 Mundo