Redução de danos: o que você precisa saber para evitar maiores riscos pelo uso de substâncias durante o Carnaval

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O consumo excessivo de álcool é a principal causa de ocorrências nos postos de saúde durante o Carnaval. Talvez, para se refrescar do calor, para mitigar as dores nas pernas após horas acompanhando os trios elétricos, os foliões optam pelo álcool a fim de seguir na folia, mas a prática deve ser feita com moderação e com muito cuidado.

Além das ocorrências pelo álcool, infelizmente, ocorre o consumo indesejado de drogas ilícitas durante o Carnaval, normalmente sendo colocado, inclusive, nas bebidas dos foliões sem que eles percebam. Por mais absurdo que pareça, a prática é mais comum do que parece, principalmente no intuito de drogar mulheres não só na folia, mas em festas no geral.

 

Mas, claro, é inegável que também ocorre o uso consciente de drogas ilícitas ao longo da folia, seja com injetáveis, sintéticos e naturais. Apesar da vistoria feita pela polícia antes da entrada do circuito, é comum, por exemplo, vermos o uso de “lança-perfume” durante as festividades.

 

Visando assegurar o bem-estar dos foliões, e evitar intercorrências, durante o Carnaval, o Bahia Notícias conversou com Iago Lobo, especialista em Redução de Danos e mestrando no Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia.

Confira as dicas:

 

1. BEBA ÁGUA

De acordo com Lobo, a hidratação é fundamental não só para o bom funcionamento do corpo, mas também para diminuição dos efeitos, para no caso de muito algumas substâncias que podem provocar desidratação ou podem provocar aumento da temperatura corporal.

 

A recomendação não se refere apenas ao consumo de álcool ou outras substâncias, mas também pelo próprio Carnaval em si. A chamada “muvuca” dos foliões, juntamente com o sol, pode aumentar as chances dos casos de hipertermia e insolação. 

 

“Algumas substâncias podem provocar desidratação ou podem provocar aumento da temperatura corporal. Então isso aí já é um fator associado a substância, mas também no próprio Carnaval. A pessoa vai estar no sol vai estar dançando, então tudo isso aí também aumenta os riscos relacionados a hipertermia, insolação… Então a água é sempre uma boa parceira”, disse Lobo.

2. EVITE MISTURAS

O especialista explicou que a mistura de certas substâncias pode apresentar um sério risco à saúde do folião. O uso de substâncias ditas como “depressoras” pode aumentar a probabilidade de uma parada cardiorrespiratória.

 

Também é preciso atenção em relação à mistura de medicamentos. O uso do álcool e/ou substâncias ilícitas junto com certos medicamentos podem resultar em uma intolerância cruzada, o que pode aumentar os riscos à saúde do folião, seja com o aumento dos efeitos ou com o “disfarce” das sensações.

 

“Misturar álcool com loló, por exemplo, pode ser mais perigoso do que misturar álcool com maconha. Álcool com cocaína também já vai ter outras consequências, aí uma questão de disfarçar os efeitos do álcool. Então às vezes a pessoa pode acabar fazendo mais uso do que gostaria”, explicou Lobo.

“Essas interações das substâncias e não só dessas substâncias ‘recreativas’, mas também das medicações. Então tem muitos medicamentos que interagem, que geram intolerância cruzada com substâncias ou que aumentam também os riscos e isso é uma coisa para ficar ligado” completou.

 

3. TENHA UMA BOA NOITE DE SONO

Assim como a água, ter uma boa noite de sono é importantíssimo para evitar possíveis problemas não só na folia, mas na vida em geral. É recomendado, pelo menos, 8 horas de sono diárias, então não invente de madrugar para emendar com outros dias na folia.

 

Virar a noite sem dormir pode causar: dores no corpo, cansaço, sonolência, irritabilidade, alterações repentinas de humor, perda da memória de fatos recentes, comprometimento da criatividade, lentidão do raciocínio, desatenção e dificuldade de concentração. Resumindo, tudo que você mais precisa no Carnaval, uma noite sem dormir pode te tirar.

 

“Dormir é uma boa dica também. Então reservar um momento de descanso, esse momento de cuidado do corpo. Não só ficar virando a festa  e emendando uma coisa na outra”, disse Lobo.

 

4. ESTEJA BEM ACOMPANHADO E LOCALIZADO

Ir para o Carnaval bem acompanhado também é fundamental e realmente é algo que pode salvar a vida dos foliões. Além da companhia, procure saber onde estão os postos de saúde mais próximos de sua localização, assim, dá para economizar tempo caso ocorra algum imprevisto.

 

Uma boa companhia e uma boa localização pode te ajudar a fugir de possíveis brigas, a lhe levar a algum posto de saúde caso acabe passando mal e, além disso, ajuda na sua própria segurança.

“É importante saber que você pode contar com suas companhias na festa. É bom ter uma noção de suporte. Uma boa dica também é estar bem localizado, saber onde estão os pontos de suporte: ambulância, corpo de bombeiros e a polícia”, afirmou o especialista.

 

5. TENHA ATENÇÃO COM AS PRÁTICAS SEXUAIS 

As práticas sexuais também são um ponto para ficar muito atento, para evitar uma gravidez indesejada ou a proliferação de ISTs. O consumo de álcool, inclusive, pode despertar o apetite sexual, fazendo com que o folião não tome ações muito conscientes. 

 

  • Primeiro: Não é não, logo, respeite o espaço e o corpo de pessoas que não estão na mesma vibe que você;
  • Segundo: Sempre esteja acompanhado de algum método contraceptivo, as secretarias de Saúde, inclusive, distribuem camisinhas gratuitamente;
  • Terceiro: Sexo em público é atentado ao pudor, é crime. As práticas sexuais devem ser feitas em um local apropriado. Nem o circuito de Carnaval nem a rua são locais apropriados.

 

“O uso de substâncias pode muitas vezes impulsionar, aumentar a libido. É importante estar seguro, é importante pensar em local onde podem se dar essas relações, se vai fazer uso de algum método contraceptivo. No caso de uma exposição inesperada, temos os medicamentos PEP e PrEP para antes e depois, respectivamente, da relação sexual sem proteção”, disse Lobo.

 

O QUE É A REDUÇÃO DE DANOS

Inicialmente, a Redução de Danos foi criada para tratamento de pessoas em situação de dependência química. A prática foi pensada em estratégias para reduzir o vício dos pacientes nas substâncias, mas depois se adaptou para uma espécie de “prevenção” à saúde dos usuários de drogas.

 

“São estratégias para diminuir os efeitos indesejáveis, ou nocivos do uso dessas substâncias. São estratégias para diminuir ou neutralizar os riscos e danos envolvendo o uso de substâncias. Isso pode ser desde diminuição de frequência e repensar as formas de uso”, explicou o especialista.

 

Vale ressaltar que a Redução de Danos não é, de forma alguma, um incentivo para que as pessoas façam o uso de drogas. O estudo aceita que, de fato, há usuários dessas substâncias na sociedade atual, principalmente em grandes festas, como, por exemplo, o Carnaval.

 

“A Redução de Danos não é um incentivo ao uso de drogas, ela reconhece que o uso de drogas faz parte da vida daquele sujeito e que muitas vezes exigir que aquela droga suma dessa matemática, talvez provoque ainda mais danos. Na Redução de Danos se dá centralidade para a vida do sujeito e tenta entender o que é que ali que precisa ser decidido com as intervenções que precisam ser feitas”, afirmou Lobo.

Fonte: Bahia Notícias

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