Nenhuma mudança significativa ocorrerá em nossas vidas se não nos predispormos a, de fato, realizá-las. Não teremos um país mais seguro se não estivermos imbuídos de querermos e fomentarmos a paz. O Estado tem grandíssima responsabilidade, mas não exclusiva.
Historicamente, existe um tripé que sustenta todos os discursos políticos no Brasil: as deficiências, carências e lacunas existentes na Educação, Saúde e Segurança Pública. Por coincidência, sou Professor por amor, Enfermeiro por paixão e Policial Militar por devoção. Antes que alguém venha questionar, não faço parte das “Organizações Tabajara” do Casseta & Planeta e nem tenho a pretensão ou a soberba de dar uma fórmula mágica para dizer: “Seus problemas acabaram!”
Mas uma coisa é certa. Sozinho, o Estado não tem a capacidade de pensar, planejar e desenvolver ações e programas que possam trazer resultados que se aproximem de um ideal.
No que pese à Segurança Pública, uma filosofia experimentada desde o final do século XIX no Japão vem obtendo resultados expressivos em diversas partes do mundo. No Brasil não é diferente. Me referencio aqui à Polícia Comunitária. Trojanowicz, grande referência teórica no assunto, traz o conceito dessa temática, afirma que a Polícia Comunitária tem por espinha dorsal, a proposição de uma nova parceria entre a polícia e a comunidade com o intuito de identificar, priorizar e resolver os problemas locais a fim de buscar a melhoria da qualidade de vida geral da população.
Se uma pessoa está doente e não diz o que está sentindo, dificilmente será adotada, de imediato, a melhor medida para combate e controle da doença. Existem diversas formas de fazer com que uma criança, ao brincar de bola, não arranque a cabeça do dedo na rua. Desde a mudança do tipo de campo ao uso de um calçado (que poderá não ser o melhor mas vai diminuir, e muito, a possibilidade de acontecimento), é preciso tentar evitar a “cabeça do dedo arrancada”.
Individualmente ou coletivamente podemos fazer a diferença no nosso contexto e convívio. Cuidados pessoais podem diminuir as nossas vulnerabilidades. Atividades coletivas ligadas à cultura, esporte e educação podem transformar realidades e criar referenciais positivos.
Mas volto a dizer: é preciso tentar! Não desejo que esse tripé seja eterno!
Se não houver nada de novo que retroalimente as práticas desse tripé, se as principais demandas não forem, de fato, conhecidas, se os esforços não forem canalizados para a dimensão não criminal e de prevenção a fim de buscar a antecipação ao delito e ao descaso, continuaremos ao sabor das ondas, tentando entender e combater o que está na intencionalidade do ato e do outro.
Excelente artigo! Parabéns capitão Ermillo.